O CÃO, rafeiro, DO MEU VIZINHO
Vivo nesta “Quinta” há cerca de vinte anos. Há p’ra aí uma década um dos vizinhos do prédio da Praceta tinha um possante e meigo cão. Era o FRED. Branco com muito pelo, que o dono tratava frequentemente , escovando e deitando os pêlos que se soltavam directamente para o MOLOT. Nessa altura o FRED convivia com o JASPAR, curiosamente do mesmo prédio. O JASPAR, esse foi-se embora, porque a dona divorciou-se e vendeu o andar. Sei-o, porque a senhora da limpeza, que vinha cá apenas uma vez por semana, e apesar de eu a ir buscar de carro e levar, conseguiu justificar-me a ausência do JASPAR. Coisas de uma “velha” tecnologia: dar-à-língua…
Quanto ao FRED, aproximava-se sempre de mim quando eu chegava de carro, e acompanhava-me até à porta de casa, Não gostava que lhe passasse a mão pelo pêlo. Creio que não me escoltava, mas precisava que eu o defende-se contra algo inesperado.
O FRED, já estava tão velho que as patas traseiras tremiam quando ele se imobilizava.
Deixei há muito meses de ver o FRED, mas só esta semana o seu dono me explicou o tinha abatido por velhice e para pôr fim ao seu sofrimento.
Interpelei o dono do FRED para me queixar do seu novo cão rafeiro.
- Ah! o DOMINGO’S
- Como?
- DOMINGO’S, porque inicialmente ele só aparecia aqui aos Domingos e tal como no FRED gosto de inglesar o nome dos meus cães.
- Pois, felizmente, sou DOMINGUES, senão nunca saberia se estava a chamar por mim ou não.
Aproveitei então para me queixar do rafeiro DOMINGO’S, quando há meia dúzia de anos foi-se impondo como o cão autoritário desta “quinta”. Sempre teve a mania de acompanhar todos os vizinhos que vinham passear os seus cães e fazer de “segurança”, correndo a ladrar num raio de 200 m. Tem, ainda a mania, de correr e a ladrar a tudo quanto circula com sacas na mão, ou pastas como é o meu caso. Já lhe disse que sou TOC e tenho uma pasta, um portátil, mas ele não me entende. Ladra na mesma.( quem me manda a mim falar com cães?)
Recentemente cravou os dentes na traseira da minha sapatilha, numa tentativa de me ferrar os calcanhares.
O dono - recentemente adoptado formalmente, por vagatura da “casota”, lá me garantiu que ele tinha a vacina contra a RAIVA, e que de facto não passava disso: LADRAVA muito mas não fazia mal a ninguém.
Pois, mas insisti, eu. LADRA demais e não me deixa TRABALHAR em sossego, nem circular livremente, sem que me venha LADRAR.
Chamou-me à atenção que o seu DOMINGO’S só ladra quando está em serviço, ou seja quando acha que tem que escoltar os outros vizinhos a passear os seus cães, mas quando está sozinho, nem se mexe.
- Lá isso é verdade, já pude confirmar várias vezes!
Mas insiste com o dono do DOMINGO’S, então como justifica que ao vizinho da vivenda da 1ª banda, ele nunca o incomode, com pastas, sacos, etc, será que é por ser Engenheiro e eu não ser Doutor? ( Bem Engenheiro, também é mania, porque eu sei que ele apenas tem o curso Técnico da Infante D. Henrique - actual secundária -, mas insiste que lhe chamem Engenheiro…Manias.)
E não é o único, porque conheço, que ainda tem a mania que é médico. È assim, ele estava no 1º ano de medicina, mas nunca passou. Embora, durante muitos anos, vestia uma bata branca e ia fazer “urgências” com os ex-colegas ao S. JOÂO. Até a namorada/secretária enganava. Como trabalhávamos no mesmo andar, na semana a seguir a um Natal, estava com ela a explicar-me que o sogro que tinha ido levar-lhe um Bolo-REI à urgência na Noite de Natal. Com o meu sorrisinho matreiro perguntei-lhe:
- Que cena, Zé, estavas doente?
E não é que numa escritura teve direito a ter o “DR” antes do nome.
Mas voltando ao rafeiro DOMINGO’S, se calhar é elitista e não ladra a engenheiros, só a plebeus como eu.
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