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Fóruns de discussão de assuntos profissionais dos Técnicos Oficiais de Contas

segunda-feira, 14 de abril de 2008

MASSACRE DE LISBOA 19, 20 e 21 de Abril de 1506

CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA
MEMORIAL ÀS VÍTIMAS DA INTOLERÂNCIA
PROPOSTA N.º 423/2007


Considerando que:
1. No ano de 1506, a cidade de Lisboa foi palco do mais dramático e sanguinário episódio antijudaico de todos os que são conhecidos no nosso território;
2. Durante três dias, 19, 20 e 21 de Abril, estes acontecimentos, que tiveram início junto ao Convento de S. Domingos (actual Largo de S. Domingos), levaram a que cerca de dois mil lisboetas, por mera suspeita de professarem o judaísmo, tivessem sido barbaramente assassinados e queimados em duas enormes fogueiras no Rossio e na Ribeira;
3. Evocar este hediondo crime em que consistiu o massacre de 1506, inscrito numa política de intolerância que, segundo Antero de Quental, contribuiu para a decadência deste povo peninsular, será fazer justiça póstuma a todas as vítimas da intolerância e constituirá uma afirmação inequívoca de Lisboa como cidade cosmopolita, multiétnica e multicultural.
4. A pedagogia de combate ao racismo, à discriminação, à xenofobia e a todas as formas análogas de intolerância, constitui um eixo fundamental da democracia e da coexistência pacífica entre os povos.
Os vereadores do Partido Socialista, da Lista “Cidadãos por Lisboa” e do Bloco de Esquerda, ao abrigo da alínea b) do n.º 7 do art.º 64.º da Lei 169/99 de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002 de 11 de Janeiro, têm a honra de propor que a Câmara Municipal de Lisboa, na sua reunião de 30 de Janeiro de 2007, delibere:
1. Instalar na cidade de Lisboa um Memorial às Vítimas da Intolerância, evocativo do massacre judaico de Lisboa de 1506 e de todas as vítimas que sofreram a discriminação e o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções ou ideias;
a) O Memorial localizar-se-á no Largo de S. Domingos e deverá ser composto por um mural evocativo das vítimas da intolerância, cuja concepção, execução e instalação competirá aos serviços municipais;
b) Esta intervenção contemplará, igualmente, o arranjo da área envolvente e incluirá a colocação, no mesmo Largo, de elementos escultóricos contributos das comunidades católica e judaica;
c) A inauguração do Memorial terá lugar no dia (data a definir) em cerimónia promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, para a qual serão convidadas todas as comunidades étnicas e religiosas da Cidade.


Católicos e judeus lembram massacre de 1506 AGENCIA ECCLESIA

No próximo dia 22 de Abril, às 11h00, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, o Presidente da Comunidade Israelita e o Presidente da Câmara de Lisboa inauguram, no Largo de S. Domingos (Baixa de Lisboa), os Memoriais evocativos do massacre de judeus ocorrido na cidade há cerca de 500 anos, do gesto de “purificação da memória” celebrado por D. José Policarpo no Ano Jubilar de 2000 e da dedicação do Largo, pela Câmara, aos valores da tolerância e da reconciliação.



ver ainda mo blogue PORTUGAL E OS JUDEUS as sessões na CML.

E Conferência a 19 de Abril segundo o NÃO APAGUEM A MEMÓRIA


Publicações na RUA DA JUDIARIA por ocasião dos 500 anos (1506-2006)

J.P. Oliveira Martins (1845-1894), in História de Portugal (Tomo II), Livraria Bertrand, Lisboa, 1882

Alexandre Herculano (1810-1877), historiador, escritor e poeta português, in História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-1855).

Camilo Castelo Branco (1825-1890), in “D. Luiz de Portugal, Neto do Prior do Crato (quadro histórico)”, Porto 1883.

Damião de Góis (1502-1574), in “Chronica do Felicissimo Rey D. Emanuel da Gloriosa Memória”, escrito em Lisboa entre 1566 e 1567. Historiador e humanista, Guarda-Mor dos Arquivos Reais da Torre do Tombo, figura central do Renascimento em Portugal – ele próprio acusado mais tarde de “heresia” pela Inquisição por causa das suas simpatias luteranas e da amizade com Erasmo –, Damião de Góis relata com sentida e genuína indignação o massacre de 1506, ao contrário de outros cronistas “cristãos-velhos” que se limitaram posteriormente a fazer um relato desapaixonado e quase burocrático da matança, optando por “branquear” os detalhes mais macabros testemunhados nos escritos de Góis.

Salomão Ibn Verga, in Sefer Shebet Yehudah (ספר שבט יהודה), Livro do Ceptro de Judá, escrito em Portugal pouco depois do massacre de Lisboa mas publicado apenas em 1550, em Constantinopla, pelo seu filho, Yosef Ibn Verga.

Garcia de Resende (1470 - 1536), in Miscellania & Variedades de Histórias, costumes, casos & cousas que em seu tempo aconteceram, escrito entre 1530 e 1533, e publicado após a sua morte, em 1554.

Samuel Usque (1492-?), in Consolação às Tribulações de Israel. Historiador e escritor, judeu nascido em Lisboa,

Ferreira Fernandes Correio da Manhã

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