ESTA NOITE A TUA MÃO
AFAGOU-ME O ROSTO
SECANDO-LHE A HUMIDADE
QUE O APERTO DO CORAÇÃO
FEZ TRANSBORDAR DOS MEUS OLHOS!
FOI A MESMA MÃO QUE ME VIRAVA AS "TALAS"
QUE TU INVENTASTE, E QUE SURPREENDEU O MÉDICO PELA
TUA DESTREZA, E QUE PERMITIU ENDIREITAR O MEU
FRÁGIL BRAÇO ESQUERDO RETORCIDO.
TÃO INSISTENTEMENTE QUE O FAZIAS,
QUE HOJE NINGUÉM DÁ CONTA DISSO!
TERÁS TIDO ORGULHO EM MIM PELO MUITO QUE TE FIZ, MAS, SEGURAMENTE TEREI-TE DADO ALGUNS DESGOSTO - AS MÃES IDOLATRAM SEMPRE OS SEUS FILHOS, IMAGINANDO-OS POR PADRÕES QUE NEM SEMPRE ELES PODEM, OU QUEREM, CORRESPONDER - MANTEREI SEMPRE ESTA DÚVIDA E ESTA INQUIETAÇÃO.
A DÚVIDA QUE PERMAMENTE FAZ PARTE DO NOSSO QUOTIDIANO E QUE VERGÍLIO FERREIRA TÃO BEM RETRATOU: AS NAUS QUE REGRESSAVAM DO ORIENTE, NÃO TRAZIAM NO SEU BOJO APENAS O PESO DAS ESPECIARIAS, MAS TAMBÉM O DA GRANDE DÚVIDA, QUE ERA DECERTO O PESO MAIOR.
HOJE A VELA NÃO É PARA SOPRARES!
DEIXA-A ARDER AO FIM!
NÃO PERMITAS QUE O VENTO A APAGUE!
... E UMA ROSA!
10.03.1932 10.03.2012
José Mário Branco NEM DEUS NEM SENHOR
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