Comunidade TOC

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Fóruns de discussão de assuntos profissionais dos Técnicos Oficiais de Contas

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A morte e ... hipóteses e reflexão ...

Quando eu morrer, a minha certidão de óbito, servirá para uma série de “abates”, numa série de serviços e instituições, informação que irá circular entre eles com o simplex.

Mas em muitos outras, será necessária uma certidão para comunicar a minha morte, quer na segurança social, quer para efeitos da habilitação de herdeiros e consequente transmissão dos meus bens.

Certamente os meus herdeiros, irão-se esquecer de comunicar a minha morte à Gesto, pelo que continuarei a ser um sócio e a receber correspondência, até que alguém diga: aos anos que esse gajo morreu!

Na Apotec e na Astoc, irão-me expulsar por não pagamento de quotas, e seguramente a Ordem irá-me instaurar um processo disciplinar por não pagamento das quotas, outro por incumprimento do artº 10º, e certamente um outro por não responder aos outros dois. Será então provável que os meus herdeiros sejam informados que deviam enviar a minha certidão de óbito para a Ordem, uma vez que está, também não tem a obrigação de adivinhar.

Se eu morrer internado no Santo António, é provável que o sistema informático cancele eventuais consultas que estavam agendadas ou a aguardar agendamento. Porém, ninguém poderá ficar pasmado se o São João ou a Prelada, me enviar um postal para uma consulta ao fim de 3 anos.

Posso imaginar que ao fim de dois ou três anos, dois amigos se cruzem e que um deles só nessa altura venha a tomar conhecimento do meu falecimento.

Foi assim, que num fim de tarde, estava eu na estação do metro da Avenida dos Aliados, de volta de formação da Apotec, com os meus olhos a deslizar nos carris, quando um vulto sorridente se colocou na minha frente. Era o João C.do TEP – claro que o reconheci, mas o nome esse, apesar de até o nome da namorada, Rosa Q., me lembrar, demorou uma semana para a memória se avivar – a quem a dada altura perguntei pelo Pedro: - O Pedro B. morreu há 3 anos! Gelei da cabeça aos pés, com a mesma rapidez com que o ataque cardíaco o fulminou, e nem sequer consegui despedir-me, de facto, do João. Sendo o Pedro, o seu grande amigo, devo-lhe ter causado, igualmente uma profunda tristeza. Não conseguia deixar de reviver o seu bom humor, o sorriso com que aguardava a minha provocaçãozinha, em função das respostas que me dava, sempre que nos cruzavamos na baixa ou no café.

Também no passado, o exército, deslocava-se às vilas piscatórias, em busca dos mancebos que não se tinha apresentado nos quartéis. As mães, em novo pranto, apontavam o maldito mar, que lhes engolira os filhos e nalguns casos, ninguém tinha tratado, sequer da morte presumida.

Tudo isto para dizer como são patéticas as não-notícias que saem nos jornais e nas TV's, sempre em busca de alguém, que depois de morto foi chamado para comparecer num serviço qualquer, com excepção para aquele tribunal, que notificou o réu (?), na qualidade de falecido. Vejam como é tudo uma balda, rematam escandalizados.

Todas não. Esta não é dessas, seguramente.
A fazer fé nas declarações do pai ao jornal, alguém do Conselho Directivo, Director de Turma ou um professor, terá comparecido no velório e até a Escola terá feito uma homenagem ao Paulo Sérgio e à Rita. Mas mesmo que este pai, não tenha dito a verdade toda, não é crível que na turma deste aluno, não se tenha sabido que ele de 17 e a irmã de 13, tinham falecido num acidente de viação em Dezembro passado. Também não é crível que reunião do final do segundo período, os professores continuassem a desconhecer as razões da ausência do Paulo Sérgio e não tenham, retirado a sua ficha de cada caderneta, ou se é informatizado, algo que retirasse o aluno do “activo”.


Mas mais grave é quando no telefonema, o pai responde: o meu filho morreu em Dezembro passado, lhe tenham desligado a chamada após um longo silêncio. E tenha sido necessária a ida do pai à escola para lhe terem pedido desculpa.
Não vou adjectivar o acto da escola. É apenas uma reflexão da puta desta vida!
Conseguem-se colocar no lugar do pai do Paulo Sérgio no momento em recebeu o telefonema?

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