Comunidade TOC

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Fóruns de discussão de assuntos profissionais dos Técnicos Oficiais de Contas

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

OS DRAMAS DO PAI NATAL COM AS OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS DA SEGURANÇA SOCIAL


E AS NOVAS REGRAS DE FACTURAÇÃO
Ao contrário das precárias LEOPOLDINA e POPOTA - esta porca, obrigada pela entidade contratante a vestir-se como uma vaca - o PAI NATAL, não exerce uma actividade sazonal, de forma precária, mas de forma continuada ao longo do ano que agora termina.
Trabalhando já as 30 horas semanais e com direito a 30 dias úteis de férias, segundo a proposta do LIVRE, realiza ao longo de 360 dias do ano a árdua tarefa de manutenção das suas renas, mantendo-as com as vacinas em dia, e com acompanhamento regular pelo Veterinário, embora sem a colação de qualquer chip – uma vez que é contra qualquer tecnologia - evitando assim as investidas do PAN, sobre a utilização de animais em actividades profissionais.
Os trenós são objecto de apertada manutenção, para que nada falhe na noite de 24 de Dezembro, do ponto de vista da logística.
As cartas ao PAI NATAL enviadas para a Lapónia, são devidamente reencaminhadas pela cooperação entre os serviços dos CTT e dos POSTI, para que este possa dar andamento os pedidos que lhe são remetidos.
Há, por vezes, pirralhos, que lhe fazem reclamações como aquele miúdo, inconformado com a prenda que recebeu, lhe escreveu nestes termos:
PAI NATAL, não vales um ca-ra-lho, pedi-te uma bola de futebol e deixaste-me uma merda de uma pista de comboios. ÉS UMA VERGONHA!”
Pacientemente, ele respondeu-lhe, que estava a usar uma linguagem brejeira, imprópria para a sua idade e até para outras idades, e que a sua função é abalizar se o pedido recebido, está de acordo, com o que os pais esperam deles.
Assim a minha mensagem é clara: Dado não teres qualquer apetência para jogar à bola, um futuro como maquinista é um caminho que deves ponderar.
Noutro caso, recebeu de um adepto do SLB de tenra idade, assinado como Andrézito, que se insurgia contra o facto de viver num país, em que um clube de futebol, por acaso do outro lado da circular, tinha um cigano como jogador titular. “Este país é uma Vergonha!”
Pacientemente lembrou-lhe que não era vergonha ter um cigano a jogar futebol, até porque ele até era um sobrinho-neto de uma lenda do Belenenses, e que Artur Quaresma – o seu nome - até tinha jogado pela selecção nacional. E que por acaso, tinha tido problemas com a PIDE, porque num amigável com a ESPANHA falangista, tinha-se recusado fazer a saudação nazi, no início do jogo. Seria por ser descendente deste cigano, ou pelo não-gesto dele, que tanto o incomadava?
Lembrou-lhe que há sempre pessoas boas e menos boas, e que um dia ele até ia fazer uma tese de doutoramento sobre o assunto, esperando que não fosse só para impressionar os jurados. E que ainda se havia de falar muito dele e das suas vergonhas.
Também há muitos anos, um menino de nome zézito, lhe perguntava como é que fazia para receber o dinheiro das prendas que os pais lhe encomendavam. Sabia o zézito, que o PAI NATAL, não usava multibanco, nem se podia fazer-lhe transferências bancárias…
Amável como sempre foi, o PAI NATAL saciou a curiosidade do petiz, dizendo-lhe que os pais deixavam o dinheiro nas chaminés, discretamente dentro de um envelope, e que ele depois guardava o dinheiro num cofre grande lá de casa.
O zézito enviou-lhe, em resposta, um enigmático:
“humm!humm! interessante, muito interessante!”
Numa troca de missivas, cujo destinatário seria o seu congénere sueco, uma menina cujo nome seria Greta, gritava-lhe que lhe tinham ROUBADO A INFÂNCIA.
Preocupado com novo descaminho de correspondência, lembrou-lhe que se faltasse às aulas, é que a sua infância seria desperdiçada. Aconselho-a a estudar e a torna-se uma especialista em ambiente e que poderia usar as tecnologias, que ele reprovava, mas que permitiriam a ela, poder comunicar com o mundo, com um sorriso, e sem ter que andar em comboios superlotados, que embora fosse 1ª Classe, nada tinham a ver com os nossos em hora de ponta.
Regista ainda o PAI NATAL um pedido sui generisde uma entidade que requisitava os seus serviços para uma festa de Natal, onde se entregariam entre outros, uma banda desenhada, para educação fiscal das crianças, partindo princípio que de “piquinino se torce o pepino” incutindo-lhes as preocupações sobre elisão fiscal.
Não lhe restando dúvidas para a recusa, enviou a seguinte missiva:
“Minha cara Senhora,
Agradecendo-lhe o estimado convite, apraz-me informar Vossa Senhoria, que, lamentando não lhe puder ser útil, mas nas minhas funções de PAI NATAL, existem valores e princípios dos quais não abdico, sendo que um deles são temas que envolvam qualquer tipo de violência parental socialmente condenável, sobretudo no que toca a incutir-lhes preocupações que só deverão ter como adultos.

Grato pelo seu contacto, não hesite em contactar-me, aceite os meus votos de um bom dia de trabalho.
Cordialmente
PAI NATAL.”
Não hesitou.
E na volta do correio, sugerir-lhe que contactasse um profissional que lhe pudesse dar seguimento às inúmeras obrigações quer em sede de Segurança Social, quer, sobretudo na antecipação da era digital e que deveria possuir um programa que permitisse ficar com todas as facturas que emite, “arquivadas” numa nuvem.
O PAI NATAL cortês como é seu apanágio, respondeu-lhe, lembrando que no dia em que aderisse a novas tecnologias a MAGIA do PAI NATAL desaparecia. Além disso que preservava a confidencialidade para quem presta os seus serviços e que ao fisco lhe basta o essencial, ou seja que emissão do respectivo documento de quitação.
E que saiba ainda, não está obrigado emitir documento de transporte, exactamente porque a lei é omissa quanto ao transporte de mercadorias por renas e não há operações conjuntas em rotundas celestiais. Não se sabendo sequer, quem gere essas nuvens, que como privados que são, não se costumam lavar com a água toda!
Acrescentando que nuvens é a sua especialidade!
Ora a grande dúvida que o PAI NATAL tem é:porque raio andou a trabalhar 360 dias, no ano, e relativamente a 9 meses, paga só 20€ à segurança social, e irá pagar, nos restantes 3, sobre tudo o que facturou em Dezembro, quando foi adquirindo as prendas que lhe pediam e as refacturou, recebendo no momento em que vai descendo pelas chaminés, recolhendo o dinheiro que lá lhe deixavam?

Outra Grande dúvida prende-se porque, sabendo que também não se está perante uma mera actividade comercial, uma vez que a sua componente principal é uma contrapartida pelo excelso serviço que garante a quem recorre aos seus préstimos.
Acresce que o PAI NATAL recebe, ainda em Dezembro, uma avença relativa ao período em curso, fruto de um contrato leonino, celebrado há quase cem anos com uma multinacional dos refrigerantes e que o obriga a andar ridiculamente vestido de vermelho, quando inicialmente a sua indumentária era em tons de azul.
Perante tamanha injustiça resta ao PAI NATAL pedir uma audiência à ministra e ao bloco de esquerda, para tentar sensibilizá-los para o seu problema.
Mera ficção, qualquer semelhança com a realidade é fruto da vossa imaginação, aliás perversa com costuma ser hábito.

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